sábado, 19 de julho de 2008

Prefácio

pre.fá.cio masc.

  1. texto preliminar de apresentação, geralmente breve, escrito pelo autor ou por outrem, colocado no começo do livro, com explicações sobre seu conteúdo, objetivos ou sobre a pessoa do autor


Felipe Castro. Ah, o Cruz, sobrenome do pai que não posso esquecer. 18 anos recém-completados. Maioridade agora. E ele ainda mal desfrutou dela. Não dispõe de um possante 2.0 tampouco tem uma conta no banco. Por enquanto. Também não frequenta as feiras de sábado na Prestes Maia. Canceriano. Palmeirense doente. Natural de São Bernardo do Campo. Quer mudar-se pra São Paulo num futuro não muito distante. Amendoim. Pão Pullmann. Queijo minas. E porcarias enlatadas, embaladas, industrializadas, pra esquentar no microondas. Tudo que faz mal lhe conforta o âmago. Faz Jornalismo. Mal também. Na Metodista, primeiro ano. Definitivamente não é daqueles que gosta de encarar a vida de forma lírica, subjetiva como nas falas de um antigo trovador ao tomar seu café-da-manhã, distante e altamente poética como no filme de Cazuza onde cada resposta para as perguntas burocráticas do nossa rotina chata de cada dia eram respondidas com um solene verso de uma fina canção de Noel Rosa, Cartola ou Linkin' Park. Pelo contrário, é uma pessoa direta, precisa e, às vezes, até amarga. Não acredita que a vida seja como num filme de Begnini. Tampouco acha que vai sair dela como herói. Culpa da carência, haha. (...) Entende-se, por consenso geral, que trata-se de um cara agradável. Agradabilíssimol. O Felipe. Esse é o melhor adjetivo que achei para descrevê-lo. Até porque agradável soa agradável. É menos insinuante e agressivo do que ameno ou apático, e mais simpático que o próprio simpático que, veja só, invariavelmente denota uma simpatia forjada, falsa, não muito simpática aos olhos dos agradáveis de plantão. Também é responsável. Organizado. Burocraticamente previsível. Um eterno bitolado com causas inúteis do outside world como a epidemia de ebola ao sul da Birmânia ou até mesmo com o trânsito em São Paulo. Faria um post sobre isso. 15600 toques. Com paixão jornalística pulsante. Paixão essa que ela ainda está descobrindo. Paulatinamente. Tateando e sentindo na pele o que é. Por que é. O jornalismo. Entrou agora na faculdade. Já esboça vôos altos. Altos demais pros seus 1,74 cm e sua total irrelevância profissional. É um calouro. Um rookie. Garante que não vai com a cara do tal do Tim-Lopes'-risky-way-of-making-journalism. Ou seja, não arriscaria a vida pra salvar o mundo e prefere um viés mais comedido, pés-no-chão e, ao mesmo tempo, descarado, sarcástico. Pessimista enrustido. Um crítico de poltrona. Vergonhoso. Mas quem é ele pra trilhar um viés jornalístico se mal pagou a primeira mensalidade do próprio bolso? He wants to grow up and effectively become someone quite as fast as anyone else around

Felipe, o bárbaro, toca violão desde os 11 anos. Roque'n rou, bossa nova, mpb. Não é lá muito bom nisso mas aprecia música. Faz melhor com os ouvidos do que com os dedos. Toca Blackbird dos Beatles, aquela do Cazuza que era da novela e, vejamos, uma música clássica, de um compositor brasileiro erudito. Esqueceu o nome dela mas promete trazer até o fechamento desta edição. (Mas que jargão jornalístico!). Enfim, a bendita música erudita está no seu repertório de mão. Repertório porco, escasso, pobre, que reúne as únicas 3 músicas que ele consegue tocar e cantar até o fim com razoável competência. Acha um charme tocar violão. Opinião dele, do alto de sua deplorável intransigência. O infeliz mal imagina que sua inaptidão para tocar e cantar ao mesmo tempo tira 96,58% do próprio atrativo. Quem vai querer apreciar um indivíduo pegando o violão com destreza e solando mil coisas y pedacinhos de músicas desconhecidas se, ao botar o vozerio pra funcionar, seus dedos se perdem em meio às cordas e a coordenação motora pede colo, abano e um copo d'água? Que isso. (...) E suas habilidades? Dormir. Cantar. Ouvir. Lecionar. Ééé. Numébrinquedonão. Fica aí o mais novo professor de inglês na praça. Segura a marra. Nunca viajou pra fora do país, não tem experiência, sequer fez 18 anos, mal tem certificados da segunda língua nem corrompeu sua nova chefe com dinheiro que não tem. Simplesmente conseguiu a vaga. Em uma escola renomada até. Boa rapaz! Primeiro emprego REMUNERADO. São Mateus é longe pra cacete e vai ganhar um salário de miséria. Hahaha. Tudo pelo prazer de ensinar. E ver se aprende alguma coisa. Exercita a tal da independência. Uma total desconhecida, até então (...)

Se gaba de seu gosto musical, o que é justificável até. O rapaz quer ser jornalista musical um dia. Ele desconversa e diz que a música não tem "verdade" nem "mentira", não tem o completamente "ruim" nem o 100% "bom". Mas se pudesse escolher faria jornalismo musical. Sua ecleticidade é notável apesar de não abranger batidão, sertanejo, pagode e outros tipos rudimentares de música para vender no camelô da Marechal. Prefere perder-se em rótulos não tão amigáveis como stoner rock, krautrock e trip-hop. Não sai muito da gama de artistas moderadamente (ex-)alternativos como Eliott Smith, Radiohead, Beck Hansen, Talking Heads, Queens of the Stone Age. Ouve Chico Buarque e Mutantes, mostrando que valoriza o que temos por aqui. o/////// Pfffff...Se interessou por chorinho e bossa nova a partir do momento em que passou a tocar esse tipo de música com seu antigo professor de violão, o Valter. Figura. Desdenha do gosto musical de sua plebe, medíocre. Se pudesse escolher uma música antes de se enterrar, ela seria Lover, you should've come over de Jeff Buckley. Grande Buckley. Poeta dos anos 90. Recomenda com louvor. BUCKLEY, Jeff Buckley. Filho de Tim Buckley, outro songwriter de notável competência. Jeff, o filho, morreu afogado no rio Mississipi. Foi tirar um mergulho antes de gravar seu segundo álbum. Não voltou mais. A correnteza o levou. Mas deixou um legado pequeno, de apenas um disco, Grace, o suficiente para justificar certos endeusamentos escandalosos por parte de blogueiros de conhecimento extremamente discutível (...) Pensando bem, morrer afogado não é uma má idéia, vejam só. Apesar da agonia que deve trazer, morrer afogado soa meio romântico. Ainda mais quando nossa maior paixão dissolve-se na água como uma simples migalha de pão jogada aos peixes no lago em um dia ensolarado de pesca com o avô nas férias de julho opa me segura que senão eu não coloco mais virgula nessa bosta de insight poético que eu tô tentando desenvolver mas que não passou de um momento alcoolicamente alucinante haha piriri pororó Obs: baseado em fatos reais. Mas com uma margem de erro de 2 anos. Só pra constar. Voltando...

Felipe é cara de poucos amigos. Tem mais amigas do que amigos. Inclusive tem uma tendência maligna à se apaixonar por algumas delas, since 1998. Tradição. Hoje vê-se numa encruzilhada amorosa de nível hard. Very hard. E terrivelmente sigilosa. Daquele tipo de coisa que não compartilharia nem com a mãe. Mas que promete dar um fim em breve para não se complicar. FINISH HER! (...) É, ainda, terrivelmente paradoxal. Quando se sente bem em algum ambiente que ele julga agradável, quer logo bancar o líder. Não tem vocação mas gosta de chamar atenção. Palhaço. Attention whore. Mas é vergonhosamente tímido nas demais ocasiões. Aka todas as outras situações. O que compromete e muito com suas rarefeitas aproximações ao sexo oposto visando fornicação e reprodução SEM ESCRÚPULOS!

:3

Cansei de brincar de Alberto Caeiro. Aquele que vos escreve não é outra pessoa que não o próprio objeto de calúnias e difamações desse mesmo texto. Auto-difamações, no caso. Com a velha tática de usar um alter-ego em seu próprio blog (hahaha), pensei em canalizar meus pensamentos malucões, incluindo devaneios sentimentalóides e auto-críticas sacanas, mas o resultado final foi um belo de um tiro pela culatra, fazendo transparecer um misto de arrogância com frustração poética.

C%$#@& é muito ruim escrever em terceira pessoa


ouvindo Talking Heads - Air

3 comentários:

Luana Costa disse...

Todo mundo tem o seu lado Fernando Pessoa cravado no mais fundo do seu âmago! haha!

Eu adoro esse meu "Fê" Pessoa Castro!

te amo muito

caue'gomes disse...

nemly, nenlerey, vanderley

Unknown disse...

E esse é meu filho... nem sabia q ele escrevia tão bem assim !!rs Tenho muito orgulho e paixão por esse rapaz com seus 18 anos recém-completados !!
Te amo Fê!!! E se apagar meu comentário... hummmmmmmmmm... nem sei o q eu faço!!! rs