quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Só mais um toquinho

- Escuta...
- O Tom tá lá na Gávea né, a gente podia cantar um negócio pra ele
- Vamo fazê uma pra ele?
- Claro
- Vamo fazê "Insensatez" né?
- Aaaah, vamo fazê "Insensatez"...
- Aah..
- Ele vai gostar tanto... olha Tomzinho, essa é diretamente aqui dos estúdios de Milão, para o navio que Deus na Gávea ancorou... "Insensatez"



Diálogo MITO entre dois nomes MITOS da música brasileira, de um álbum ao vivo MITO, antecedendo uma música MITO. Mais respeito com Toquinho e Vinícius, ok
Aah, que saudades de tocar viola.

Gravado em Milão em 1975, é peça obrigatória no acervo de qualquer "manjador" de música nacional




ouvindo, é claro, Vinícius de Morais & Toquinho - Berimbau / Consolação

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Crônicas Urbanas part. I



Ela entrou no trólebus
. Mezzo espalhafatosa mezzo menininha, logo tratou de arrumar um lugar no fundo do veículo. Desfilou, observou, esplendorosa, qual assento escolher. Pouco se importou com a multidão de sodomizadores que acompanhavam seus passos lentos. Mas dentre tantos olhares sujos, rasos e cheios de libido, o meu, penetrante e aliciador, se destacava em meio à apetidão sexual generalizada daqueles 10, 20 segundos. Foi o tempo que ela levou para cruzar o corredor e se acomodar em um banco próximo a mim.
- Linda! Maravilhosa! Pena que nunca mais a verei - pensei, num momento raro de consciência.
Com o cabelo preso e um shortinho curto, levando a crer que fizera exercícios físicos na escola pela manhã, era impossível não notar aquela escultura. Não desejá-la. Não amá-la de um jeito platônico, envergonhante e, ao mesmo tempo, excitante. Uma aventura que animava meus longos 60, 70 minutos naquela rotineira viagem.
- Pena que nunca mais a verei - observei novamente, porque nunca era demais lembrar desse detalhe.
Tantas pessoas vão e vem. Vem e desaparecem. Tantas são iguais, semelhantes, cópias uma da outra. Mas não aquela ali. Não ela.

Tateou na bolsa algum objeto. Acompanhei sua busca breve. Era uma caixinha, aparentemente contendo comida. China In Box. Isso! Como uma donzela fina, sacou, com graça, dois hashis e devorou sua comida oriental. Em tempo, a palavra "devorar" não se adequa nem um pouco à leveza admirável daquela linda moça. Ela, pois, digeriu seu almoço no ônibus em longos minutos, sem se importar com o cheiro delicioso que impestava o ar, os famintos que a miravam sem complacência e o pouco conforto da viagem cheia de paradas e trancos bruscos.
Quando terminou de comer, juntou tudo na caixa e guardou na bolsa, encontrou um vão na janela por onde procurou se entreter por alguns minutos.

- Muito boa tarde a todos! Meu nome é Édson, estou vendendo essas balas de goma para sustentar minha família e... - bradava o vendedor ambulante, em vozes silabicamente divididas, interrompendo, por um instante, a observação quase paranóica que eu nutria pela garota.

Quando já ia me deixando ser derrotado pelo cansaço e fim de viagem, ela, a luz daquele ônibus já tomado pela tempestade que viria a seguir, me surpreende mais uma vez. Como nenhuma outra menina seria capaz de fazer no meio de um trólebus lotado, ela procura por lenços umedecidos e limpa o rosto como se eu assistisse, in loco, a um comercial de cosméticos na TV.

- Feminina. Isso sim é uma mulher, que feminilidade, que movimentos leves, paixão. A paixão ao primeiro lenço!
- Pena que nunca mais a verá!

Num diálogo que mais pareceu um conflito clássico entre o meu anjo, no lado direito do ombro, e meu demônio, do lado esquerdo, como se vê em filmes e quadrinhos, deixei o ônibus obstinado à segui-la um pouco.
- Não vou perdê-la de vista - pensei. Estava determinado a ver no que ia dar. Não custava nada saber até onde nossos passos seriam os mesmos. Quem sabe ela... bom, nevermind.
Subimos e descemos a mesma escada rolante no Terminal São Mateus. Discreto, não levantei suspeitas. Estava fazendo o meu caminho. E ela ia na frente, quase adivinhando por onde eu iria. Mirava aquela garota como poucas vezes havia mirado alguém, sem o menor apelo sexual. Se seu shortinho curto atiçava a imaginação de uns, a mim nada mais pesava - e apaixonava - do que sua cena comendo, sutil e delicadamente, a comida com os hashis ou limpando o rosto com os lencinhos, na mais perfeita graça feminina. O zelo e o carinho pela pele, aquela exalação de feminilidade, tudo o mais faziam com que sua chamativa bunda viesse em terceiro, quarto plano. Isso eu deixava à cargo da imaginação dos outros. Pobres de espírito. E de amor.
E assim entramos no mesmo ônibus; Term. Pq. D. Pedro I. E descemos no mesmo ponto, pouco depois do primeiro posto da Mateo Bei. Tomei meu rumo em direção ao trabalho. Fui para a esquerda. Ela, para direita. Olhei duas vezes para trás. Mas a multidão na avenida e o prenúncio de um temporal fizeram perdê-la de vista.
- Volte sempre!
Sinal de alguma coisa? Não. Ah, sou extrememente cético em relação à essas coisas de destino. Tudo bobagem. Papo furado. "Qual era o nome dela?" É o que eu mais precisava saber. Agora, só espero vê-la de novo. Em qualquer lugar. Qualquer circunstância. Só vê-la. Já estaria de bom grado. Suficiente pra saciar meu Part Two. O tempo que perco me lançando de uma cidade à outra foi muito bem preenchido por esse furacão fora de época.
- Pena que nunca mais...
- Será mesmo?



ouvindo João Nogueira - Espelho

sábado, 27 de setembro de 2008

Simbora!

(clique na tirinha para aumentar)




Depois dizem que prova prática não dá medo.


Whoa!




Quebrei o gelo! A partir de agora, essa ferramenta pôrquera será atualizada com mais dignidade, zelada, mantida, cuidada com estima. Esse blog voltará aos tempos de ouro - que não-ainda-quase-nem-nunca-teve. Prometo, como bom político que não sou. Caralho, quanta ladainha barata, mas é isso aííí


Salut!

ouvindo Brian Eno - Dead Finks Don't Talk

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

To Here Knows When




Vamos ouvir música c%$@*#. Vamos aumentar até o último volume e que se foda a vizinha caquética e seu marido beberrão. Vamos fazer a música tomar conta da gente. Fazê-la contorcer sua garganta e seu lado esquerdo do peito num misto de tortura e prazer, que tende mais ao prazer do que à dor e te leva à insanidade por uma porrada de minutos e você não quer deixá-la. Fazê-la tocar o fundo do seu âmago, um fundo tão virgem e irreconhecível quanto o porão cheio de ratos da sua casa. Fazê-la dançar like no one's watching. Embarcar numa viagem sem fim, onde as horas, minutos, compromissos, agendas, horários, formalidades, radios-relógio baratos em geral, tudo isso dá um nó oito, aquele nó do enforcamento, e se esvai. Se enforca no próprio rigor que as define. Porque a música transporta o homem como um Lincoln X100 1961 leva John F. Kennedy ao momento do disparo, com a diferença de que o disparo dessa vez é munido de flores, etanol, perfume e adrenalina. A sensação boa e o mais puro êxtase, - com o perdão do trocadilho com a péssima música do Barão Vermelho - sensação essa que o deixa longe desse mundo de tons pastel onde o jornal mostra, a cada dia, uma chacina ou uma malcaratice diferente e, se a música não as apaga, ao menos a dilui até situá-la num segundo plano, distante e evasivo. Essa distinção de mundos é o que preocupa e, simultaneamente, reforça minha vontade de trabalhar a música de um modo literário & informacional, mas sem deixar de lado a responsabilidade mundana que cabe a cada um de nós: patrulhar, informar e noticiar até os problemas mais filhos da puta desse mundo


Mas enquanto essa responsabilidade não vem, eu vou ouvindo minha música numa boa.


ouvindo Radiohead - Sit Down. Stand Up.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Puta m

Na onda do Cersibon, resolvi criar algumas tirinhas também. Eis o resultado:






Se não entenderam, cliquem aqui.


Outra recomendação é o Bronze Brasil. Blog dotado de uma genialidade e sarcasmo finos. É o espírito olímpico. "No bronze a gente é ouro"

Hahaha


Ouvindo The Who - Love Reign O'er Me

domingo, 17 de agosto de 2008

Top Top Top



Listar elementos em ordem de importância é um vício antigo do homem. Data do início do século XVII quando Alex Mineiro I já listava em seu Pergaminho do Gol quais gols garimpados no futebol de colônia, em meio à alucinante corrida pelo ouro em Minas, eram os mais bonitos e plásticos de sua carreira pré-Charles Miller. O uso de ranking, ou melhor, da palavra rank no inglês, está associado à hierarquia, seja no âmbito militar, eclesiástico ou diplomático. Com o tempo, essa noção de lista ou linhagem hierárquica foi enfraquecendo e englobando temas cada vez menos nobres, como as 50 celebridades de Hollywood que mais dobram a língua pra falar Thank you, pelo E! Entertainment Television. Hoje a maioria dessas listas que são publicadas mundo afora pecam ao não atingir nível aceitável de abrangência e/ou abusar de critérios duvidosos em qualquer que seja a área explorada; desde educação pública até cinema iraniano. Para driblar a sotisficação e rigidez das tradicionais e pretensiosas listas dos 100, 50 mais, vieram então os Top 10, Top 5. Simples, práticos, pessoais. Tão pessoais que qualquer blogueiro desprovido de conhecimento pode publicá-los sem medo de ser feliz.

Voilá





Top 5 filmes
Dog Day Afternoon (1975) dir. Sidney Lumet [foto]
I'm Not There (2007) dir. Todd Haynes
A Clockwork Orange (1971) dir. Stanley Kubrick
Le Couperet (2005) dir. Costa-Gavras
Reservoir Dogs (1992) dir. Quentin Tarantino



Top 5 álbuns
Grace (1994) Jeff Buckley
Marquee Moon (1975) Television [foto]
Fear of Music (1978) Talking Heads
Rated R (2000) Queens of the Stone Age
It's Not How Far You Fall, It's The Way You Land (2007) Soulsavers




Top 5 radiohead songs
A Wolf at the Door
Dollars & Cents
Like Spinning Plates, ao vivo!
The Bends
Idioteque



Top 5 amores platônicos
Catherine Zeta-Jones
Audrey Tautou [foto]
Jennifer Connelly
Luisa Micheletti
Elisângela da Italínea (agradecimentos ao canal TV + ABC)

além d'Ela... /cry


Top 5 pokemons




NOT...

Façam os seus aí poxa. Beijos


Ouvindo The Rolling Stones - Happy

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

MEU DEUS O AR QUE EU RESPIRO


Eu não tenho uma legião de leitores fiéis que acompanham o blog alucinadamente e cobram freqüência do autor. Longe disso. O que "tenho" são estimados amigos que compartilham a arte do blog e cujas obras-de-arte encontram-se na lista de recomendados no lado direito da tela. E esses, por força do destino, se comprometem a ler (em troca de pão e marshmallows) meus textos sujos e frios, seja porque nutrem alguma consideração por minha pessoa ou porque simplesmente o Blogger aponta quais sítios foram recentemente atualizados. E é de atualização que se vive o blog. Óbvio, c$%&#$! Então se, por acaso, alguma nobre alma notou essa lacuna de mais de 1 semana sem a graciosidade de meus posts, isso se deve a uma semana agitada, retombólica e extravagante que tive. [P1 - para pular meu momento RBD & introspective, vá p/ o P2] E que me manteve distante, ao menos por alguns dias, desse mundo predatório e narcoticamente viciante que se chama Internet (a.k.a. Orkut, seu heterônimo mais violento grrrrrrrraur). Semana maluca essa que contribuiu bastante no meu próprio processo de "desruralização"¹. Peguei mais metrô essa semana do que em 18 anos de Eu Tomei a maior chuva da minha vida (e da vida útil das minhas peças de roupa) na terça-feira, no trajeto Paulista-Rebouças-rua do Hospital das Clínicas-Teodoro Sampaio. Tudo pra entregar documentos pro estágio, sem antes me perder por lá. De praxe. Já no sábado, passei quase 12 horas - é coisa para c%#$% - nessa mesma região, dessa vez mais pros lados da Augusta e Gay Caneca, na companhia insubstituível de Crazy e Cauêzão. Muitas aventuras com uma turma do barulho. Guia do Mochileiro das Galáxias OI, hahaha. E eu quase pensando na self-prostituition para voltar para casa, quando encontro o Daniel. E, para não perder a viagem, antes dos bambinos chegarem, fiz um tour from roça por lá. Como um turista inglês, piracicabano ou acreano qualquer, passei na FNAC, Pq. Trianon, até Fundação Gazeta, lugares que sempre quis espiar mas nunca tive tempo nem disponibilidade para tal. Olhava curioso para tudo que rondava, tentando entender como as avenidas de São Bernardo são tão menos interessantes, grandiosas, exóticas. De onde eu venho, parque nenhum tem um dueto free de violencelo & violino. Não mesmo. Too cool for me. Faltou a máquina fotográfica pendurada no pescoço, o chapéu de pescador e a camisa florada, mas senti na pele a diferença de mundos. E eu vivo no reino dos bárbaros. Lógico que eu me comportava na mais perfeita discrição, sem dar margem para comentários fascistas. Me infiltrei como manda o figurino. Caipira enrustido é foda. Também experimentei o que é, talvez, estudar em período integral, ao encarar uma fodida (e desnecessária) dupla jornada na quarta-feira, comparecendo às aulas de manhã e de noite. Pra que? Agora sou aluno do noturno e..trabalhador. Comecei a trabalhar, me sinto cabra home agora, sinto a responsa pulsando na minha veia safena magna. Já dizia o glam Alice Cooper, sábio: "I'm eighteen, and I can do what I want". Opa. Mas percebi que lidar com adolescentes não é tão fácil quanto parece, numa sala de aula. Fui chamado de "senhor" pela primeira vez na vida, de uma forma pura e desconcertante mas que não fez o poder subir à cabeça. Haha. Por fim, descobri que São Mateus é mais agradável do que eu pensava e que existe jeito de se (tele)transportar de lá para outro canto da cidade que não seja Santo André.

[P2] Pronto, chega de cretinice, chega de diário de uma ninfeta. Back on track, achei que minha semana merecia algumas palavras aqui, mesmo que isso não compactue com minha desesperada tentativa de voltar o blog para a função puramente jornalística, haha. Mas logo descobri que copiar e colar notícias da Folha Online e comentá-las não é meu forte. Enfim, para não "ajornalisticar"² essa porra por inteiro, me comprometo, à partir dessa semana, a postar resenhas de álbuns que marcaram a história da música (?). Reviews de álbuns é algo pelo qual eu sempre tomei gosto. Seja lendo ou produzindo protótipos daquilo que pode vir a ser publicado mais tarde. Ou engavetado para sempre. Pelo menos de cultura (descartável) isso aqui não vai morrer.



Glossário (For a Blog)
desruralizar ¹ = tornar a pessoa mais urbana, um caipira quando descobre a cidade grande e aprende que a estação Ferrazópolis é mil cento e cinquenta vezes menor que a Luz.
ajornalisticar² = fazer predominar os textos típicos de meninas que lêem Capricho e assistem Malhação e querem contar a vida toda num blog, quando na verdade, o intuito do blogueiro é outro. Muito mais útil e coletivista.

E neologismo é coisa séria, bitch


ouvindo Television - Torn Curtain

sábado, 2 de agosto de 2008

What a Shame!

Quando você é jovem, enérgico, tem um celular legal com câmera (In Memoriam) e muitas idéias idiotas na cabeça, você faz coisas como isso aqui:



"Alô você"


10 de Julho de 2007


ouvindo The Beatles - Blue Jay Way

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Domingo


Lúgubre, enternecedora, amarga e desgostosa
Ó soturna tarde-noite de domingo
O pai de família trabalhador austero
Vê o futebol pela TV, despede-se dos familiares que almoçaram consigo e, angustiado, lamenta:
-Lá se vem mais uma semana chata aí ó

Se toda melancolia do mundo pudesse se cristalizar em um único dia
Esse dia seria o domingo
Mas não todo o domingo
Geralmente alegre, risonho, ensolarado e acolhedor
Mas sim a noite do domingo

Os carros, lentos, caminham em marcha fúnebre
Num comboio tristonho que os leva pra casa
O menino outrora feliz e enérgico se contagia com tanto descontentamento
-Mãnhê, por que todo mundo na rua tá com a cara tão fechada?
Meu filho, não há coisa mais melancólica que uma noite de domingo



ouvindo Radiohead - How to Disappear Completely

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Do's And Dont's With Babies











Mais aqui nesse site: http://www.c00lstuff.com/1133/Do_s_and_don_ts_with_babies/

Hahaha, have fun




ouvindo Kyuss - Supa Scoopa and Mighty Scoop

segunda-feira, 28 de julho de 2008

...And Information For All!

Esse blog não está fadado a ser, eternamente, um antro de bobagens, lorotas e factóides a meu respeito, informações pessoais que nobody gives a shit for e cuja quantidade dos que se importam ultrapassa a casa dos 3 dígitos. Aqui também é um espaço democrático, informativo e, cof cof, jornalísticmwhahaueaue

Therefore, aí vai um vídeo de terno para curtirem

Hu's On First eterno

"and it's not because you're black neither"




ouvindo Jeff Buckley - Dream Brother

sexta-feira, 25 de julho de 2008

I Just Don't Know What To Do With Myself

Depois do baque que é ler/tragar o texto enorme abaixo, mal sei o que colocar aqui. Minha cota de inspiração acabou. A fonte secou.

Moral irrefutável da história da carochinha: preciso ler mais livros que não sejam 1808, Páginas Ampliadas e esses ramdons recomendados por aí pelos professores de faculdade











ouvindo Portishead - Roads

terça-feira, 22 de julho de 2008

Look At Me, I'm A Potential Emo! part I

Change your heart
Look around you

Change your heart
It will astound you

I need your lovin'
Like the moonshine

Everybody's gotta learn sometimes













"Tamaê ok"




ouvindo, é claro, Beck - Everybody's Gotta Learn Sometimes

sábado, 19 de julho de 2008

Prefácio

pre.fá.cio masc.

  1. texto preliminar de apresentação, geralmente breve, escrito pelo autor ou por outrem, colocado no começo do livro, com explicações sobre seu conteúdo, objetivos ou sobre a pessoa do autor


Felipe Castro. Ah, o Cruz, sobrenome do pai que não posso esquecer. 18 anos recém-completados. Maioridade agora. E ele ainda mal desfrutou dela. Não dispõe de um possante 2.0 tampouco tem uma conta no banco. Por enquanto. Também não frequenta as feiras de sábado na Prestes Maia. Canceriano. Palmeirense doente. Natural de São Bernardo do Campo. Quer mudar-se pra São Paulo num futuro não muito distante. Amendoim. Pão Pullmann. Queijo minas. E porcarias enlatadas, embaladas, industrializadas, pra esquentar no microondas. Tudo que faz mal lhe conforta o âmago. Faz Jornalismo. Mal também. Na Metodista, primeiro ano. Definitivamente não é daqueles que gosta de encarar a vida de forma lírica, subjetiva como nas falas de um antigo trovador ao tomar seu café-da-manhã, distante e altamente poética como no filme de Cazuza onde cada resposta para as perguntas burocráticas do nossa rotina chata de cada dia eram respondidas com um solene verso de uma fina canção de Noel Rosa, Cartola ou Linkin' Park. Pelo contrário, é uma pessoa direta, precisa e, às vezes, até amarga. Não acredita que a vida seja como num filme de Begnini. Tampouco acha que vai sair dela como herói. Culpa da carência, haha. (...) Entende-se, por consenso geral, que trata-se de um cara agradável. Agradabilíssimol. O Felipe. Esse é o melhor adjetivo que achei para descrevê-lo. Até porque agradável soa agradável. É menos insinuante e agressivo do que ameno ou apático, e mais simpático que o próprio simpático que, veja só, invariavelmente denota uma simpatia forjada, falsa, não muito simpática aos olhos dos agradáveis de plantão. Também é responsável. Organizado. Burocraticamente previsível. Um eterno bitolado com causas inúteis do outside world como a epidemia de ebola ao sul da Birmânia ou até mesmo com o trânsito em São Paulo. Faria um post sobre isso. 15600 toques. Com paixão jornalística pulsante. Paixão essa que ela ainda está descobrindo. Paulatinamente. Tateando e sentindo na pele o que é. Por que é. O jornalismo. Entrou agora na faculdade. Já esboça vôos altos. Altos demais pros seus 1,74 cm e sua total irrelevância profissional. É um calouro. Um rookie. Garante que não vai com a cara do tal do Tim-Lopes'-risky-way-of-making-journalism. Ou seja, não arriscaria a vida pra salvar o mundo e prefere um viés mais comedido, pés-no-chão e, ao mesmo tempo, descarado, sarcástico. Pessimista enrustido. Um crítico de poltrona. Vergonhoso. Mas quem é ele pra trilhar um viés jornalístico se mal pagou a primeira mensalidade do próprio bolso? He wants to grow up and effectively become someone quite as fast as anyone else around

Felipe, o bárbaro, toca violão desde os 11 anos. Roque'n rou, bossa nova, mpb. Não é lá muito bom nisso mas aprecia música. Faz melhor com os ouvidos do que com os dedos. Toca Blackbird dos Beatles, aquela do Cazuza que era da novela e, vejamos, uma música clássica, de um compositor brasileiro erudito. Esqueceu o nome dela mas promete trazer até o fechamento desta edição. (Mas que jargão jornalístico!). Enfim, a bendita música erudita está no seu repertório de mão. Repertório porco, escasso, pobre, que reúne as únicas 3 músicas que ele consegue tocar e cantar até o fim com razoável competência. Acha um charme tocar violão. Opinião dele, do alto de sua deplorável intransigência. O infeliz mal imagina que sua inaptidão para tocar e cantar ao mesmo tempo tira 96,58% do próprio atrativo. Quem vai querer apreciar um indivíduo pegando o violão com destreza e solando mil coisas y pedacinhos de músicas desconhecidas se, ao botar o vozerio pra funcionar, seus dedos se perdem em meio às cordas e a coordenação motora pede colo, abano e um copo d'água? Que isso. (...) E suas habilidades? Dormir. Cantar. Ouvir. Lecionar. Ééé. Numébrinquedonão. Fica aí o mais novo professor de inglês na praça. Segura a marra. Nunca viajou pra fora do país, não tem experiência, sequer fez 18 anos, mal tem certificados da segunda língua nem corrompeu sua nova chefe com dinheiro que não tem. Simplesmente conseguiu a vaga. Em uma escola renomada até. Boa rapaz! Primeiro emprego REMUNERADO. São Mateus é longe pra cacete e vai ganhar um salário de miséria. Hahaha. Tudo pelo prazer de ensinar. E ver se aprende alguma coisa. Exercita a tal da independência. Uma total desconhecida, até então (...)

Se gaba de seu gosto musical, o que é justificável até. O rapaz quer ser jornalista musical um dia. Ele desconversa e diz que a música não tem "verdade" nem "mentira", não tem o completamente "ruim" nem o 100% "bom". Mas se pudesse escolher faria jornalismo musical. Sua ecleticidade é notável apesar de não abranger batidão, sertanejo, pagode e outros tipos rudimentares de música para vender no camelô da Marechal. Prefere perder-se em rótulos não tão amigáveis como stoner rock, krautrock e trip-hop. Não sai muito da gama de artistas moderadamente (ex-)alternativos como Eliott Smith, Radiohead, Beck Hansen, Talking Heads, Queens of the Stone Age. Ouve Chico Buarque e Mutantes, mostrando que valoriza o que temos por aqui. o/////// Pfffff...Se interessou por chorinho e bossa nova a partir do momento em que passou a tocar esse tipo de música com seu antigo professor de violão, o Valter. Figura. Desdenha do gosto musical de sua plebe, medíocre. Se pudesse escolher uma música antes de se enterrar, ela seria Lover, you should've come over de Jeff Buckley. Grande Buckley. Poeta dos anos 90. Recomenda com louvor. BUCKLEY, Jeff Buckley. Filho de Tim Buckley, outro songwriter de notável competência. Jeff, o filho, morreu afogado no rio Mississipi. Foi tirar um mergulho antes de gravar seu segundo álbum. Não voltou mais. A correnteza o levou. Mas deixou um legado pequeno, de apenas um disco, Grace, o suficiente para justificar certos endeusamentos escandalosos por parte de blogueiros de conhecimento extremamente discutível (...) Pensando bem, morrer afogado não é uma má idéia, vejam só. Apesar da agonia que deve trazer, morrer afogado soa meio romântico. Ainda mais quando nossa maior paixão dissolve-se na água como uma simples migalha de pão jogada aos peixes no lago em um dia ensolarado de pesca com o avô nas férias de julho opa me segura que senão eu não coloco mais virgula nessa bosta de insight poético que eu tô tentando desenvolver mas que não passou de um momento alcoolicamente alucinante haha piriri pororó Obs: baseado em fatos reais. Mas com uma margem de erro de 2 anos. Só pra constar. Voltando...

Felipe é cara de poucos amigos. Tem mais amigas do que amigos. Inclusive tem uma tendência maligna à se apaixonar por algumas delas, since 1998. Tradição. Hoje vê-se numa encruzilhada amorosa de nível hard. Very hard. E terrivelmente sigilosa. Daquele tipo de coisa que não compartilharia nem com a mãe. Mas que promete dar um fim em breve para não se complicar. FINISH HER! (...) É, ainda, terrivelmente paradoxal. Quando se sente bem em algum ambiente que ele julga agradável, quer logo bancar o líder. Não tem vocação mas gosta de chamar atenção. Palhaço. Attention whore. Mas é vergonhosamente tímido nas demais ocasiões. Aka todas as outras situações. O que compromete e muito com suas rarefeitas aproximações ao sexo oposto visando fornicação e reprodução SEM ESCRÚPULOS!

:3

Cansei de brincar de Alberto Caeiro. Aquele que vos escreve não é outra pessoa que não o próprio objeto de calúnias e difamações desse mesmo texto. Auto-difamações, no caso. Com a velha tática de usar um alter-ego em seu próprio blog (hahaha), pensei em canalizar meus pensamentos malucões, incluindo devaneios sentimentalóides e auto-críticas sacanas, mas o resultado final foi um belo de um tiro pela culatra, fazendo transparecer um misto de arrogância com frustração poética.

C%$#@& é muito ruim escrever em terceira pessoa


ouvindo Talking Heads - Air

Salut! Quoi de Neuf?

Mais um blog juvenil na rede. Pfff.. e eu aqui querendo dormir c%$#@$


Lá vem uma uma tonelada de posts egocentricamente detestáveis, bobagens estupidamente introspectivas, críticas musicais sem o menor embasamento teórico e tentativas frustadas de se estabelecer como - mais - um blogueiro-jornalista na web que não sabe o que diz, por onde começa e por que começa. Com essa história mal explicada de



blog?

Bonsoir!


ouvindo Radiohead - Where I End and You Begin